sábado, 27 de dezembro de 2008

POESIA 21 - A SÊCA NAS CAATINGAS

Vejo a tristeza que paira nos olhos cacimbados.
Pelo intenso brasido da luz solar,
e, a impiedosa luz, sempre a derramar
Seus raios nos morros, sempre a ofuscar.

Sem uma fôlha nos crispados galhos.
E as pedras sempre a xispar.
Onde a alma da lagoa esturricada,
Pela chuva põe-se a bradar.

Olhos que voltam para o adeus do lar abandonado,
Numa profunda zombaria da vida,
Estão umedecidos pelo pranto.

Mas, lágrimas não mitigam sêde,
Os olhos enxugam no lenço de fogo,
Onde bradam a Deus com tanto arrogo.

As vezes na estrada.
Envolto em miseráveis mulambos,
O cadáver dorme sob apoteose de luz,
Ou sob o brilho das pálidas estrêlas!

Na tortura do estômago sem alimento,
E da garganta sem o alivio de gôta d'água,
Morre sobre o ingrato chão do carrasco.
O leito da ventura, para o desgraçado.

Jacobina 21/06/1976. Alfredo Dy Dai.

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